sábado, 31 de março de 2012

Ella Fitzgerald & Louis Armstrong: Maravilha!

Ella Jane Fitzgerald (Newport News, 25 de abril de 1917 — Beverly Hills, 15 de junho de 1996) também conhecida como a "Primeira Dama da Canção" (em inglês: First Lady of Song) e "Lady Ella", foi uma popular cantora de jazz estadunidense.  Com uma extensão vocal que abrangia três oitavas, era notória pela pureza de sua tonalidade, sua dicção, fraseado e entonação impecáveis, bem como uma habilidade de improviso "semelhante a um instrumento de sopro", particularmente no scat.

Nasceu em Newport News, Virgínia, filha William e Temperance "Tempie" Fitzgerald.  O casal se separou pouco tempo depois do nascimento da filha, e sua mãe a levou para Yonkers, Nova York, com seu namorado, Joseph Da Silva. A meia-irmã de Ella, Frances Da Silva, nasceu em 1923.
Durante sua juventude Ella queria ser uma dançarina, embora gostasse de ouvir as gravações de jazz de Louis Armstrong, Bing Crosby e The Boswell Sisters. Idolatrava a cantora Connee Boswell, dizendo mais tarde: "Minha mãe trouxe para casa um de seus discos, e me apaixonei por ele....Tentei tanto soar exatamente como ela”.
Em 1932 sua mãe morreu, vítima de um enfarte. O trauma provocou uma queda brutal no desempenho escolar da garota, que deixou de frequentar as aulas. A um certo ponto chegou a trabalhar como vigia num bordel, e numa casa de apostas do jogo de números (numbers game) filiada à máfia.  Após se envolver em problemas com a polícia, acabou sendo presa e enviada a um reformatório, de onde eventualmente fugiu, passando a viver na rua, até ser internada no Asilo de Órfãos de Cor em Riverdale, no Bronx, Nova York.
Fez sua estreia como cantora aos 17 anos, em 21 de novembro de 1934, no Teatro Apollo, no Harlem. Gradualmente conquistou um público semanal no Apollo, e a oportunidade de competir numa das primeiras "Amateur Nights" do teatro. Originalmente pretendia dançar, porém, intimidada pelas Edward Sisters, uma dupla local de dançarinas, optou por cantar no estilo de Connee Boswell. Interpretou "Judy", de Boswell, e "The Object of My Affection", das Boswell Sisters, e conquistou o prêmio principal, de 25 dólares.



Louis Daniel Armstrong (Nova Orleans, 4 de agosto de 1901 — Nova Iorque, 6 de julho de 1971) foi um cantor, compositor, instrumentista, trompestista, cornetista, saxofonista, escritor, letrista, arranjador, produtor musical, dramaturgo, artista plástico, ator, tenor, maestro e ativista político e social estadounidense, considerado "a personificação do jazz". Louis Armstrong é famoso tanto como cantor quanto como solista, com seu trompete.


Armstrong nasceu numa família muito pobre. Passou a sua juventude na pobreza num bairro de Nova Orleans, conhecido como "as costas da cidade". O seu pai, William Armstrong, abandonou a família quando Louis ainda era criança e casou-se com outra mulher. A sua mãe, Mary Albert Armstrong, deixou Louis com a sua tia, o seu tio e a sua avó. Aos cinco anos ele voltou a viver com a sua mãe e via o pai muito raramente. Ele esteve na Fisk School for Boys onde pela primeira vez entrou em contacto com a música. Levou algum dinheiro para casa como entrega-jornais e sapateiro ambulante. Contudo, isso não era suficiente para manter a sua mãe longe da prostituição. Passou a entrar à socapa em bares de música perto de sua casa para ouvir e ver os cantores.

Conheceu dias muito difíceis, e olhava para a sua juventude como o pior momento da sua vida e, por vezes, até retirava inspiração dela: "Every time I close my eyes blowing that trumpet of mine, I look right in the heart of good old New Orleans...It has given me something to live for." ("Todas as vezes que eu fecho os meus olhos tocando aquele meu trompete, eu olho logo no coração da boa velha Nova Orleans... Ela deu-me algo pelo que viver.").

Conseguiu comprar um trompete, com dinheiro emprestado de uma família imigrante russo-judia, os Karnofskys que, até ao final da sua vida, considerou como membros da família visto que cuidaram dele vários dias e noites, enquanto a sua mãe trabalhava. Por essa razão, Louis usou uma Estrela de David pelo o resto de sua vida.

Tambores de Guerra - 1: As Oitenta Vidas do Barão Vermelho

Nos Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha e Austrália, ele tornou-se conhecido como The Red Baron (O Barão Vermelho). A companhia aérea Lufthansa durante muito tempo aproveitou a popularidade do Barão Vermelho em suas campanhas publicitárias no mercado norte-americano.

O próprio Richthofen contou sua carreira de piloto de avião de caça num livro publicado em 1917. A primeira edição do Der rote Kampfflieger vendeu mais de 250 mil exemplares num ano e foi reeditado várias vezes. Escrita em estilo altamente arrogante, a biografia ajudou a criar o mito de um grande herói de guerra. A mãe de Richthofen descreveu a morte do piloto como o martírio de um jovem cheio de ideais e heroísmo.

Como muitos dos filhos da nobreza da época, Richthofen ingressou no corpo de cadetes imperiais aos 10 anos de idade. Posteriormente, tornou-se oficial de cavalaria. A carreira de oficial permitiu-lhe continuar praticando sua maior paixão – a caça.

Prazer em matar

Com o início da Primeira Guerra Mundial, o Exército alemão intensificou suas atividades de reconhecimento nos territórios inimigos. Richthofen pediu transferência para a recém-criada Força Aérea. Logo passou a participar de vôos de reconhecimento e bombardeios. Ele próprio dizia sentir um verdadeiro prazer em liquidar um inimigo.

Na primavera europeia de 1916, o tenente Richthofen passou a receber a formação de piloto de caça. Ele destacou-se por sua agressividade e, em pouco tempo, derrubara 16 aviões franceses e ingleses, o que lhe rendeu a Medalha de Honra ao Mérito, maior condecoração militar do Império Alemão, e o posto de capitão de esquadra. Tratava seus adversários como animais selvagens e, às vezes, derrubava até dois ou três caças por dia.



Avião pequeno e ágil

Richthofen foi também um dos primeiros a pilotar um triplano Fokker, que estreou nas frentes de batalha no outono europeu de 1916. Era um avião de caça pequeno, a agilidade e a velocidade de decolagem eram sua principal arma. Em manobras, era impossível colocá-lo em mira, mas, se seguisse um rumo fixo, tornava-se alvo fácil. Foi isso o que provavelmente acabou com Richthofen.

No dia 21 de abril de 1918, pouco antes de completar 26 anos, foi atacado pelas costas pelo piloto canadense Roy Brown, enquanto perseguia sua vítima de número 81. Ao mesmo tempo, infantes australianos dispararam do solo suas metralhadoras contra ele. Richthofen foi atingido por um tiro mortal.

Seu corpo foi enterrado com honras militares num pequeno cemitério de soldados no norte da França. Sete anos mais tarde, o cadáver foi exumado a pedido da família e sepultado em Berlim, novamente com honras militares e grande participação popular.

A Força Aérea alemã perdeu 7,7 mil pilotos na Primeira Guerra Mundial. Réplicas do triplano Fokker (que Richthoffen havia mandado pintar de vermelho para provocar seus adversários) estão expostas na maioria dos museus de tecnologia e aviação do mundo. Manfred von Richthofen virou nome de esquadras, quartéis, praças e ruas.

sexta-feira, 30 de março de 2012

O Passarinho da poesia

O Poeta e a rosa
( E com direito a passarinho)

Ao ver uma rosa branca
O poeta disse: Que linda!
Cantarei sua beleza
Como ninguém nunca ainda!

Qual não é sua surpresa
Ao ver, à sua oração
A rosa branca ir ficando
Rubra de indignação.


É que a rosa, além de branca
(Diga-se isso a bem da rosa...)
Era da espécie mais franca
E da seiva mais raivosa.


- Que foi? - balbucia o poeta
E a rosa; - Calhorda que és!
Pára de olhar para cima!
Mira o que tens a teus pés!


E o poeta vê uma criança
Suja, esquálida, andrajosa
Comendo um torrão da terra
Que dera existência à rosa.


- São milhões! - a rosa berra
Milhões a morrer de fome
E tu, na tua vaidade
Querendo usar do meu nome!...


E num acesso de ira
Arranca as pétalas, lança-as
Fora, como a dar comida
A todas essas crianças.


O poeta baixa a cabeça.
- É aqui que a rosa respira...
Geme o vento. Morre a rosa.


E um passarinho que ouvira

Quietinho toda a disputa
Tira do galho uma reta
E ainda faz um cocozinho
                                              

Na cabeça do poeta.

(Vinícius)

Fernão Capelo... Gaivota!


Ao verdadeiro Fernão Capelo Gaivota
que vive em todos nós.






sábado, 24 de março de 2012

Vadião "Dendalei"

"Eu aprendi tudo que sei nos sete dias de transas do Rei"

Saudades da BR - Beira do Rio - da Universidade Federal do Pará!



Os forrós das sextas feiras, no Vadião; os amigos, as partidas de xadrez relâmpago, as minas, os caras, o papo todo sempre em dia. E eu e muitos com livros nas mãos, canetas nos bolsos e muito mais coisas, até na cabeça...

Ou não! rss

Vento morno esfriando. O caramanchão, a capela universitária, o leblon.

Essa música em especial, dentre tantos forrós do Gonzagão, me remetem àquela época de ouro.

Serve de homenagem à Chico Anísio.



sexta-feira, 23 de março de 2012

Por não estarem distraídos

Por Não estarem distraídos 
.

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
(Clarice Lispector)

terça-feira, 20 de março de 2012

Sobre Amyr Klink

"Pior que não terminar uma viagem é nunca partir."



"Não espero socorro de Deus. Deus não existe para ficar tirando a gente de apuros. É para dividir prazeres e alegrias."







" Passados dois meses de tantas histórias, comecei a pensar no sentido da solidão. Um estado interior que não depende da distância...nem do isolamento; um vazio que invade as pessoas... E que a simples companhia ou presença humana não pode preencher. Solidão foi a única coisa que eu não senti, depois que parti...nunca...em momento algum. Estava, sim, atacado de uma voraz saudade. De tudo e de todos, de coisas e de pessoas que há muito tempo não via. Mas a saudade às vezes faz bem ao coração. Valoriza os sentimentos, acende as esperanças e apaga as distâncias. Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudade...mas não estará só!"
 
Amyr Klink ficou conhecido pelas suas expedições marítimas, que empreende geralmente de forma solitária. O primeiro feito a ser amplamente divulgado ocorreu entre 10 de junho a 19 de setembro de 1984, quando realizou a travessia solitária, num barco a remo, do oceano Atlântico. Foi um percurso de sete mil quilômetros entre Luderitz, na Namíbia (África) e Salvador, na Bahia, percorrido sozinho.
Em dezembro de 1989, viajou rumo à Antártida, em um veleiro especialmente construído para a expedição, o Paratii. Permaneceu sozinho por um ano na região, sendo que por sete meses, seu barco ficou preso no gelo da Baía de Dorian. Da Antártica, rumou em direção ao Pólo Norte e retornou ao ponto de partida, a cidade de Paraty, em outubro de 1991.
A partir de então passou a planejar uma viagem de circunavegação da Terra.
Mora em Paraty (RJ), onde mantém uma escola de navegação para jovens carentes. Além de escrever livros, faz palestras sobre planejamento e empreendedorismo no meio empresarial.





domingo, 18 de março de 2012

Xadrez

"Os peões são a alma do xadrez" - Philidor





O primeiro torneio moderno de xadrez ocorreu em Londres em 1851. O campeão foi o alemão Adolf Anderssen, relativamente desconhecido à época, sendo aclamado como o melhor enxadrista do mundo. O seu estilo enérgico e brilhante, tornou-se muito popular, sendo imitado pelos outros praticantes. Suas partidas repletas de sacrifícios, tais como a Imortal ou a Sempreviva, foram consideradas como as mais altas realizações da arte enxadrística. A Imortal é citada por alguns autores como a mais famosa partida da história do enxadrismo.

O Dia Internacional do Enxadrismo é comemorado todos os anos no dia 19 de novembro, data de nascimento do cubano José Raúl Capablanca, considerado um dos maiores enxadristas de todos os tempos e o único hispano-americano a se sagrar campeão mundial.

"Pode chegar a parecer cômico, porém lhes asseguro que, para mim, o Peão passado tem alma e, como todo homem possui aspirações que dormem dentro dele, em forma desconhecida para si, e temores cuja existência apenas suspeita." -
 Aaron Nimzowitsch- Grande Mestre Internacional

sexta-feira, 16 de março de 2012

Paul Simon & Art Garfunkel ...Mrs. Robinson, notável!

25 séculos de Sun Tsu

Esta estratégia ideal pela qual se pode vencer sem lutar, realizar o máximo fazendo o mínimo, comporta a marca característica do Taoísmo, a antiga tradição de conhecimento que deu, na China, suporte tanto às artes terapêuticas como às artes marciais. O Tao-Te King, ou O Livro do Caminho Perfeito, estende à sociedade a mesma estratégia que Sun Tzu atribui aos guerreiros dos tempos primevos: Planeja o difícil enquanto ainda é fácil, faz o que é grande enquanto ainda é pequeno. As coisas mais difíceis devem ser feitas enquanto ainda são fáceis, as maiores, enquanto ainda são pequenas. Por isso, o sábio nunca faz o que é grande, e é por este motivo que sempre alcança a grandeza.


Escrita há mais de dois mil anos, durante um longo período de convulsões sociais, A Arte da Guerra brotou das mesmas condições sociais que deram origem a alguns dos clássicos mais importantes do humanismo chinês, incluindo-se o Tão Te King. Tratando a questão do conflito através de um modo mais racional que emocional, Sun Tzu mostrou que a compreensão do conflito pode levar tanto à sua solução como à decisão de evitá-lo completamente.

Ao longo dos séculos, muitos estudiosos se deram conta da importância do pensamento taoísta em A Arte da Guerra: tanto as obras filosóficas como as políticas do cânon taoísta atestam seu reconhecimento pelo clássico da estratégia. O nível de reconhecimento representado pelos pontos culminantes de A Arte da Guerra — o nível da invencibilidade e o da doutrina do não-conflito — é uma expressão do que o saber taoísta chama de "conhecimento profundo e ação resoluta".

Leia o livro na íntegra aqui:
http://casesdesucesso.files.wordpress.com/2008/03/suntzu.pdf

quinta-feira, 15 de março de 2012

Gago Coutinho & Sacadura Cabral

A épica viagem iniciou-se em Lisboa, às 16:30h de 30 de março de 1922, empregando um hidroavião monomotor Fairey F III-D MkII, especialmente concebido para a viagem, equipado com motor Rolls-Royce e batizado Lusitânia. Sacadura Cabral exercia as funções de piloto e Gago Coutinho as de navegador. Este último havia criado, e empregaria durante a viagem, um horizonte artificial adaptado a um sextante, a fim de medir a altura dos astros, invenção que revolucionou a navegação aérea à época.
A primeira etapa da viagem foi concluída, no mesmo dia, sem incidentes em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, embora tenha sido notado, por ambos, um excessivo consumo de combustível.



No dia 5 de abril, partiram rumo à Ilha de São Vicente, no Arquipélago de Cabo Verde, cobrindo 850 milhas. Lá se demoraram até 17 de abril para reparos no hidroavião - que fazia água nos flutuadores -, tendo partido das águas do porto da Praia, na Ilha de Santiago, rumo ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, em águas brasileiras, onde amararam, sem o auxílio do vento, no dia 18. O mar revolto naquele ponto, entretanto, causou danos ao Lusitânia, que perdeu um dos flutuadores. Os aeronautas foram recolhidos por um Cruzador da Marinha Portuguesa, que os conduziu a Fernando de Noronha. Apesar de exaustos pelo voo de 1.700 quilômetros e pelo pouso acidentado, comemoraram o achamento, com precisão, daqueles rochedos em pleno Atlântico Sul, apenas com o recurso do método de navegação astronômica criado por Gago Coutinho.

Com a opinião pública portuguesa e brasileira envolvida no feito, o Governo Português enviou outro hidroavião Fairey, batizado como Pátria, a partir de Fernando de Noronha, pelo navio brasileiro Bagé, que chegou no dia 6 de maio. Tendo o hidroavião sido desembarcado, montado e revisado, a 11 de maio decolaram de Noronha. Entretanto, nova fatalidade acometeu os aeronautas, quando, tendo retornado e sobrevoando o arquipélago de São Pedro e São Paulo para reiniciar o trecho interrompido, uma pane no motor obrigou-os a amarar de emergência, tendo permanecido nove horas como náufragos, até serem resgatados por um cargueiro inglês - o Paris City, em trânsito na região.

Reconduzidos a Fernando de Noronha, aguardaram até 5 de junho, quando lhes foi enviado um novo Fairey F III-D (o n.° 17), batizado pela esposa do então Presidente do Brasil, Epitácio Pessoa (1919-1922), como Santa Cruz. Transportado de Portugal pelo navio Carvalho Araújo foi posto na água do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, tendo levantado voo rumo a Recife, fazendo escalas em Salvador, Porto Seguro, Vitória e dali para o Rio de Janeiro, então Capital Federal, onde, a 15 de junho de 1922 pousou em frente à Ilha das Enxadas, nas águas da baía de Guanabara.

Aclamados entusiasticamente como heróis em todas as cidades brasileiras onde amerisaram, os aeronautas haviam concluído com êxito não apenas a primeira travessia do Atlântico Sul, mas pela primeira vez na História da Aviação, tinha-se viajado sobre o Oceano Atlântico apenas com o auxílio da navegação astronômica a partir do aeroplano.

Embora a viagem tenha consumido setenta e nove dias dias, o tempo de voo foi de apenas sessenta e duas horas e vinte e seis minutos, tendo percorrido um total de 8.383 quilômetros. A viagem serviu de inspiração para os raides posteriores de Sarmento de Beires, João Ribeiro de Barros e de Charles Lindbergh, todas em 1927.


quarta-feira, 14 de março de 2012

As mulheres nas urnas

Aos noventa anos, a brasileira Rita Ribera entrou para a história como a primeira mulher da América do Sul a exercer o direito ao voto. Mas foi em um plebiscito, em julho de 1927, no Uruguai – primeiro país latino-americano a aprovar o voto feminino.
A Constituição de 1917 outorgou às mulheres uruguaias o direito ao sufrágio - mesmo ano em que as mulheres canadenses começaram a votar e três anos antes que as estadunidenses. O voto feminino no Uruguai só foi regulamentado em 1932, e as mulheres votaram na primeira eleição nacional em 1938. Mas, antes disso, o governo tinha convocado um plebiscito na localidade de Cerro Chato, que permitia a participação de "qualquer pessoa”. Rita Ribera, imigrante brasileira, e outras mulheres aproveitaram a oportunidade para fazer valer seus direitos.
Comparada a países vizinhos, a Argentina chegou tarde. O voto feminino, reivindicado desde 1919, só foi aprovado em 1947 – depois do Equador (1929), do Brasil (1932), do Chile (1934), da Bolívia (1938) e da Venezuela (1946).

Segundo Marco Terencio Varão, citado por Agostinho de Hipona, as mulheres da Ática tinham o direito ao voto na época do rei Cécrope I. Quando este rei fundou uma cidade, nela brotaram uma oliveira e uma fonte de água. O rei perguntou ao oráculo de Delfos o que isso queria dizer, e resposta é que a oliveira significava Minerva e a fonte de água Netuno, e que os cidadãos deveriam escolher entre os dois qual seria o nome da cidade. Todos os cidadãos foram convocados a votar, homens e mulheres; os homens votaram em Netuno, as mulheres em Minerva, e Minerva (em grego, Atena) venceu por um voto. Netuno ficou irritado, e atacou a cidade com as ondas. Para apaziguar o deus (que Agostinho chama de demônio), as mulheres de Atenas aceitaram três castigos: que elas perderiam o direito ao voto, que nenhum filho teria o nome da mãe e que ninguém as chamaria de atenienses.
Carlota Pereira de Queiroz  (São Paulo, 13 de fevereiro de 1892 — São Paulo, 14 de abril de 1982) foi uma médica, escritora, pedagoga e política brasileira. Foi a primeira mulher brasileira a votar e ser eleita deputada federal. Ela participou dos trabalhos na Assembléia Nacional Constituinte, entre 1934 e 1935.

Quando o Homem tocou o céu


O Everest é a montanha mais alta da Terra com 8848 metros de altura - o equivalente à altitude de cruzeiro de um boeing. O cume, localizado na cordilheira do Himalaia, possui 60 milhões de anos e foi identificado como teto do mundo pelo procurador-geral da Coroa Britânica na Índia Sir George Everest em 1856.

Criou-se então a aura de mistério em torno da montanha. Enquanto os nativos da região a encaravam como um lugar sagrado e, portanto, evitavam se aventurar em suas encostas, os ocidentais o olhavam como mais um ponto a ser conquistado. O primeiro homem a explorar o monte, cujo nome nativo é Sagarmatha (a deusa mãe da Terra), foi John Noel. No iníco da década de 20, ele fotografou o Himalaia com predileção por imagens do Everest.


Em 1921, um diplomata britânico conseguiu persuadiu o 13º Dalai Lama a permitir uma primeira expedição de reconhecimento do Everest. A equipa estava mal preparada, pois só havia treinado em montanhas européias com no máximo metade do tamanho de Sagarmatha. Dos nove alpinistas apenas seis chegaram à base da montanha.

Entre eles estava George Mallory, o homem que pode ter sido o primeiro a chegar ao topo do Everest. Fascinado pelo desafio de chegar ao teto do mundo, Mallory não desistiu e tentou chegar ao topo da montanha por mais três vezes. Ele acabou morrendo em sua última escalada, em 1924.
O corpo de Mallory permaneceu desaparecido até 2000, quando o alpinista Conrad Anker o encontrou a 240 metros de distância do topo. Ninguém sabe se ele morreu quando descia ou quando subia. Se a primeira hipótese for verdadeira a conquista do Everest pode ter acontecido 29 anos antes do que se pensava.

Mas sem provas não há façanha e a conquista do Everest só foi reconhecida no dia 29 de maio de 1953, quando o neozelandês Edmund Hillary e o sherpa nepalês Tenzing Norgay fizeram o topo. Desde esta data, cerca de 1,2 mil pessoas realizaram o feito e 175 morreram tentando atingir o pico do Everest.

“Sir Ed gostava de se descrever como um neozelandês médio com abilidades modestas. Na verdade, ele era um colosso”, disse a primeira-ministra do país, Helen Clark, ao anunciar a morte de Hillary. “Ele era uma figura heróica que não apenas ‘derrubou’ o Everest, mas viveu uma vida de determinação, humildade e generosidade.”

Humilde, Hillary devotou sua vida a ajudar a população que vive nas montanhas do Nepal, e ignorava em grande medida sua fama, pedindo para ser chamado de Ed.


Encontro

Hoje sou vontade
Quero saciar essa minha sede de loucura

Quero olhares proibidos
Encontros desmedidos
Sem preceitos e sem pudor Beijos insanos e toques profanos
Quero o que a vida tem de nu e cru


Minha alma é ardente e só se abranda ,
quando saciada a minha sede.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Um Novo Jardim

MANEIRA DE AMAR
O jardineiro conversava com as flores e elas se habituaram ao diálogo. Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza.
Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na devida ocasião.

O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E mando-o embora,depois de assinar a carteira de trabalho.

Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude. A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem. "VOCÊ O TRATAVA MAL, AGORA ESTÁ ARREPENDIDO?" "NÃO, RESPONDEU, ESTOU TRISTE PORQUE AGORA NÃO POSSO TRATÁ-LO MAL. É A MINHA MANEIRA DE AMAR, ELE SABIA DISSO, E GOSTAVA".

(Drummond)

Mestre Vitalino


Em 1909, nasce Vitalino Pereira dos Santos, na pequena vila de Ribeira dos Santos, próximo a Caruaru, (PE). Criado em ambiente oleiro, cedo começa a modelar boizinhos, louças em miniatura e outros brinquedos, para serem vendidos na feira local. Dotado de forte senso estético, produz obras que, na maturidade, atraem a atenção de críticos e colecionadores de arte. Em 1947, por iniciativa do pintor Augusto Rodrigues, de quem torna-se amigo, tem algumas esculturas expostas no Rio de Janeiro, com sucesso. Esta exposição é hoje considerada um marco na história do interesse pela arte popular, não só por revelar ao grande público a obra de Vitalino, como também por chamar a atenção sobre a existência desse gênero de criação em diferentes regiões do país.

É reconhecido como Mestre por sua virtuose e pela liderança que exerceu entre os ceramistas do Alto do Moura. Entre 1960 e a data de sua morte, em 1963, viajou por todo o Brasil, participando de exposições e mostrando sua técnica. Apesar de ter se tornado famoso, faleceu aos 53 anos, muito pobre, vítima de doença contagiosa. Sua memória continuou a ser cultivada depois da morte, não só pelo público em geral como pela família e os amigos, muitos dos quais ajudou a formar. Seus filhos – Amaro, Manuel, Severino, Antônio (falecido) e Mariquinha – seguiram-no na profissão. Mestre Vitalino criou uma narrativa visual expressiva sobre a vida no campo e nas vilas do nordeste pernambucano. Realizou esculturas antológicas, como "o enterro na rede"; "cavalo marinho"; "casal no boi" e muitas outras, de poética irretocável.

sábado, 10 de março de 2012

Cobranças

O que voce já sabe



Gonzaguinha sempre foi um cantador de emoções, não como todos os cantores, ele tinha a pegada intimista, falava de coisas que doíam bem dentro, naquele lugar que é impossível apontar.

"Diga lá meu coração que ela está dentrode voce e bem guardada; e que é preciso, mais que nunca, prosseguir""

Quem mais diria em poucas palavras o que se passa num coração?

Enquanto não nasce outro Gonzaguinha, vamos carpindo as dores e sorrindo ao mundo, tentando colocar em palavras o que é pura emoção.

As palavras se falseiam, os sentimentos são como fraturas expostas, a espera de uma cura.

Construção



Quero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.
Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.
Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada espera
Tudo que vem é grato.


(Fernando Pessoa)

quarta-feira, 7 de março de 2012

Comedores de batata - Van Gogh

Uma reunião de trabalhadores em torno de uma mesa, para a degustação de batatas. Terminado em 1885, o quadro "Os comedores de batatas", de Vicent Van Gogh, pertence à primeira fase da pintura do artista, sob influência do realismo.

A obra resume um período em que o pintor dedicava-se a retratar a vida dos camponeses e tecelões.

Na época, o pintor vivia em Nuenen, pequena cidade holandesa, com a família. Ali, criou mais de 250 deseenhos. Como a maioria dos pintores realistas, ele tratou sobre a miséria. Mostrava nas obras as desilusões da gente humilde.

Em uma carta ao irmão Théo, o artista comenta sobre a motivação para a criação de "Os comedores de batatas": "Apliquei-me conscientemente em dar a idéia de que estas pessoas que, sob o candeeiro, comem suas batatas com as mãos, que levam ao prato, também lavraram a terra, e meu quadro exalta, portanto, o trabalho manual e o alimento que eles próprios ganharam tão honestamente".

Para conferir realismo à obra, Van Gogh destacou traços grosseiros aos trabalhadores da terra. Explorou os tons escuros, da luminosidade barroca.

A obra foi a primeira pintura do artista a ser composta por um grupo de personagens. E ele fez alguns versos sobre esse mesmo tema, mudando algumas características e cores.

Para Vincent Van Gogh, a escuridão também poderia ser considerada uma cor. Os trabalhos desta primeira fase são escuros e pesados.

O artista trabalhou as sombras com azuis que, junto ao interior pouco iluminado pelo lampião, dão um aspecto frio ao ambiente.

Essas características mudariam completamente quando o artista se muda para Paris, no mesmo ano.


(Folha da Região)

sábado, 3 de março de 2012

Toró

Olha,
Entre um pingo e outro
A chuva não molha.



                                                                      Esnobar
                                                                      É exigir café fervendo
                                                                      E deixar esfriar.



(Millor)

The Monkees


Noite boa







Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.


Hilda Hilst

sexta-feira, 2 de março de 2012

Sobre ontem à noite





Dar é dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca…
Te chama de nomes que eu não escreveria…
Não te vira com delicadeza…
Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar….
Sem querer apresentar pra mãe…
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral…
Te amolece o gingado…
Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem
esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.

Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra dar
o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:
‘Que que cê acha amor?’.
É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho…
É não ter alguém para ouvir seus dengos…
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.

Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar…


Experimente ser amado…

(Luis Fernando Veríssimo)