A vila de Salém era um lugar triste e sombrio no fim do inverno de 1692.
Entre as imensas florestas e o mar vasto e calmo, parecia que o mundo
estava se fechando para os colonos puritanos que habitavam a área. Duas
tribos de nativos norte-americanos lutavam entre si em um lugar próximo.
A varíola tinha começado a afetar a população de cerca de 500
pessoas. "Em 1692, era fácil acreditar que o diabo estava muito perto de
Salém", escreve o historiador Dougla Linder. "Mortes repentinas e violentas ocupavam as mentes das pessoas".
A estrutura social também estava sob pressão. Três novas gerações haviam
nascido na vila desde a chegada dos colonos originais, cada uma delas
aparentemente mais afastada da devoção séria e religiosa ao código
bíblico que havia guiado os puritanos da Europa para a imensidão
norte-americana. O plano original dos puritanos de criar um novo Jardim
do Éden parecia estar dando errado.
Em fevereiro de 1692, o diabo, que na imaginação dos puritanos se
escondia em cada sombra de Salém, finalmente apareceu. Os aldeões
lutaram de maneira violenta e desenfreada contra ele.
Nove meses mais tarde, 37 pessoas estariam mortas por causa dos julgamentos de bruxaria. Elas seriam mortas pelos próprios aldeões, pessoas com as quais haviam crescido, trabalhado e que as conheciam pessoalmente.
Os colonos no Novo Mundo haviam sido examinados em busca de sinais
de bruxaria e isso não era necessariamente raro. Mas nunca um grupo
havia se comprometido dessa maneira com o que parecia ser uma loucura.
Isso não significa que os aldeões de Salém estavam clinicamente
loucos no inverno de 1692. É impossível fazer essa afirmação, mas
historiadores procuram respostas para esse acontecimento desde que ele
ocorreu. Em 1976, uma historiadora sugeriu que talvez um alucinógeno
natural tenha sido a causa de um dos momentos mais tenebrosos da
história norte-americana.