Exatamente assim. Pesada, sufocada. Ando com uma vontade tão grande de
receber todos os afetos, todos os carinhos, todas as atenções.
Quero colo, quero beijo, quero cafuné, abraço apertado, mensagem na
madrugada, quero flores, quero doces, quero música, vento, cheiros ...
quero parar de me doar e começar a receber.
Sabe, eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo
são sempre virgulas, aspas, reticências... eu vou gostando... eu vou
cuidando, eu vou desculpando, eu vou superando, eu vou compreendendo, eu
vou relevando, eu vou... e continuo indo, assim, desse jeito, sem virar
páginas, sem colocar pontos... e vou... dando muito de mim, e aceitando
o pouquinho que os outros tem para me dar.
Caio Fernando Abreu