E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.
Lev Yashin: o homem que revolucionou a posição de goleiro
Lev Yashin referência mundial para
quem atua como goleiro de futebol, essa posição tão complicada do
esporte. O russo, quem diria, iniciou sua carreira defendendo gols de
hóquei no gelo na equipe da fábrica de ferramentas onde trabalhava, em
Moscou, capital da União Soviética. Aos 14 anos, foi descoberto pelo
Dínamo de Moscou, clube onde permaneceu durante seus 22 anos de
carreira.
O russo mudou o conceito de que o goleiro deveria ficar parado
debaixo das traves aguardando o arremate do atacante. Na década de 1950,
o jogador deixou de se restringir à pequena área e passou a se portar
virtualmente como um líbero, o que possibilitou cortar cruzamentos
altos, defender bolas nos pés dos atacantes e bloquear os ângulos antes
da finalização.
Recebeu
a alcunha de Aranha Negra por causa do uniforme negro que sempre
envergava debaixo das traves. Além disso, alguns dizem que o apelido
também foi dado por conta de tamanha habilidade de Lev Yashin em
realizar defesas extraordinárias. Tão extraordinárias que mais parecia
ter oito braços, em vez de apenas dois como os meros mortais. Um jogador
de estilo arrojado para a sua posição e frieza nos momentos de decisão.
Yashin costumava dizer que antes de partidas de grande importância, a
receita de suas atuações mitológicas era, antes de entrar em campo,
fumar um cigarro para acalmar os nervos e beber uma dose de vodka para
tonificar os músculos. E, de acordo com os registros históricos, a
receita deu muito certo, já detém números impressionantes em sua
carreira: ao todo foram 812 jogos na carreira, sendo 326 pelo Dínamo de
Moscou e 78 pela seleção da URSS; inacreditáveis 150 pênaltis defendidos
e 270 partidas sem levar um único gol.
Pela seleção soviética participou de quatro Copas do Mundo (1958,
1962, 1966 e 1970). Na última, já com 40 anos, ficou no banco de
reservas e não jogou. Mas ele foi o grande responsável pela conquista da
melhor colocação da União Soviética na história: um quarto lugar em
1966. Quando se despediu da seleção nacional, foram necessários 12 anos
para que o país conseguisse disputar novamente um Mundial. E Lev Yashin é
até hoje o único goleiro a receber a Bola de Ouro, prestigiada
premiação da France Football que elege o melhor jogador da Europa, em
1963.
Por
sua contribuição ao esporte, o russo detém diversos títulos e
homenagens. Em seu jogo de despedida, em 1971, a FIFA o presenteou com
uma medalha de ouro especial. Em eleição realizada pela entidade máxima
do futebol, Lev Yashin foi escolhido o melhor goleiro do século 20. Foi
eleito, também, como o melhor jogador russo dos 50 anos da UEFA. E para
se ter uma ideia da importância desse homem para a Rússia, o goleiro foi
condecorado com a medalha de Lênin, maior tributo a um cidadão
soviético por serviços prestados ao seu país. Apenas Yuri Gagarin (1º
homem a ir para o espaço) e Vasily Zaitsev (herói da batalha de
Stalingrado) receberam essa mesma honra.
Em frente ao estádio do Dínamo de Moscou, o maior da Rússia, há um
monumento em sua homenagem e em seu túmulo uma escultura estilizada.
Nada mais justo para um homem que em plena Guerra Fria, caracterizada
pela corrida espacial, conseguiu provar, através de seus saltos para
realizar defesas, que o homem também pode voar.