sexta-feira, 2 de março de 2012

Sobre ontem à noite





Dar é dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca…
Te chama de nomes que eu não escreveria…
Não te vira com delicadeza…
Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar….
Sem querer apresentar pra mãe…
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral…
Te amolece o gingado…
Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem
esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.

Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra dar
o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:
‘Que que cê acha amor?’.
É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho…
É não ter alguém para ouvir seus dengos…
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.

Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar…


Experimente ser amado…

(Luis Fernando Veríssimo)

2 comentários:

  1. Desejo!

    Desejo-te assim
    Perto de mim
    Fazendo caricias
    Que nas malicias
    Destrói barreiras
    Da lua cheia
    Dentro de ti...
    Conduz ao inevitável
    Da química
    De dois corpos
    Que se desejam
    Que se almejam
    Num começo
    De vinho na taça
    Quando na verdade
    Entoa a graça
    Que se amarraça
    Dentro de si.

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  2. Chamou-me atenção nesse texto do Luis,onde ele coloca duas vezes :"Sem querer apresentar pra mãe".Enquanto mãe,quando minha filha apresentou-me seu "namorido" passei a ser com todo o respeito dele "DONA LARIDANI"e é impressionante como tudo muda , me senti importante demais...kkkk . Mas pior foi o fato de ter que reconhecer, que uma filha criada com tanto carinho e dedicação,cresce e vai fazer amor...

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